sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Títulos dos próximos contos!

- "A amiúde iniqüidade lancinante do asco por ti"

- "O ser vil que serviu"

(não necessariamente nessa ordem)

EM BREVE!

(ou não tão breve... )

Dica:

É só ir ali ao lado em "Encontre-me" clicar em "Contos" e você encontrará todos os contos deste blog, seu prato principal.

Apesar de você, Chico

Apesar de você, eu estou bem.

Ainda me lembro de tudo que senti. Da forma como me tratou.

Eu te amei, Chico.

Me entreguei a você, como a nenhum outro. Queria você perto, junto de mim. Mas parece que não era isso que você queria.

Nunca entendi suas juras de amor. Se me amava, porque me deixou de lado? Porque não me fez sentir especial? Eu não era especial.

Uma mulher não precisa de muito pra ser feliz. Só precisa amar e ser amada. E eu te amei Chico. Como eu nunca amei ninguém.
Não foi o bastante. Não pra você - meus pensamentos da época.

Só tinha de ser com você. Não havia outro.
E agora Chico, o que restou de nós? O que houve?
Pergunto-me se fui eu que errei. Por ter te amado, por ter demonstrado.

Recordo-me de uma noite específica.

Lembra quando disse que era meu? E eu respondi sem hesitar, que eu era sua. Só sua. Toda sua?

Quando você me deixou, me disse pra ser feliz e passar bem. Eu obedeci.

Depois de tantos anos. De todos homens que amei, você foi o único que ainda lembro do cheiro, do toque.

Já fui tão amada. Muitos mais que você.
Parece que eu não suporto ser tão amada assim
Por isso me vou, Chico.
Por não suportar a felicidade. Por não suportar você longe de mim.

Me vou.

Adeus, Chico querido.

domingo, 30 de novembro de 2008

costurado.com.manteiga

_notou-se um certo exagero no andar da carruagem,
um certo ar de preocupação.
Seguido por uma exaltação de sentimentos não presentes.

Perdidos no tempo que colidiu com o espaço do seu corpo.

E por falar nessa febre que não passa,
nesse frio misturado com calor,
talvez uma doença, talvez uma simples lacuna.

O espaço é suficiente pra desenvolver o que sente, sentiu e sentirá.
Quem sabe eu também não me sentirei assim... Melhor.

É esse exagero em sentir,
essa pressa de mudar,
essa carência toda...
Onde vai te levar?

Corta a cena com tesoura de papelão
Cola a louça na mesa
Espreme a toalha da mestruação
Coloca o sal na mão e reza

Se a razão te conforma,
a solução é perde-la.

notou-se presente.

De repente é. De repente foi e ficou.
E o candelabro queimou.

sábado, 11 de outubro de 2008

Eu sei?

Se ela soubesse o quanto é importante...
Mulheres nunca sabem.
Se ela soubesse o que quer...
Mulheres nunca sabem.
Se ela soubesse quem ama ou o quanto me ama
Mulheres, definitivamente, não sabem.

Saberia o quanto a amo.
Deradeira paixão
Saberia o quanto é essencial na minha vida.
fundamento do calor
Saberia, em fim, amar.
Me amar.
Do jeito que só as mulheres sabem.

Arrisco um palpite:
Mulheres não sabem o que querem.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O acaso compassado

Eu gosto mesmo é de rock sujo
Tamanho desmedido pelo que não é real
Tamanha indecisão
Perdeu-se no ato desse acaso compassado
Um tanto quanto desinibido
Pensando mais de cinco vezes antes de desistir
Sei que abstração nenhuma vai resolver o dilema incipiente
Nesses casos, há de se levar em conta a equação da vida que não perdoa.
Pune-nos.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A Inteligência Crítica

Seu nome é Maria
De repente meu dia começa
Viciado nessa menina
De tal modo sei que não tem cura

Seu choro

Seu cheiro
Seu respirar
Sua diferença
Se eu respirar...

Me entrego a um desejo sublime

Um certo ar de sofisticação
A inteligência crítica
Pequena como a palavra
Grande como a emoção
Beleza admirada
Seus olhos...

Me encontro apaixonado pela Gênia


Um certo grau de introspecção

Genialidade implícita
Seus raros momentos tristes...
Eles existem
Sua alegria constante
Calor humano acima do normal
Uma bondade exacerbada

Quanto à liberdade?

Uma freqüente luta por si
Uma mulher fascinante
E egoísta que sou:
Quero ela pra mim.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Eu fiquei só e ninguém viu

Quantas coisas posso pensar num único momento?
Quantos raciocínios simultâneos em um instante?

De repente, telas coloridas
Feixes de luz
Algarismos, talvez romanos
Quem sabe de algo assim?

Mesmo que você não possa ouvir
Ela está aqui
Minha voz
Perpetua-se

Eu também não entendo o sentido das coisas mundanas

Parnasianismo inusitado
Tantas coisas a fazer
Meus dedos tocam o nada
Permaneço em silêncio
Eu estava só e ninguém viu

Me pergunto onde está
Se algo vai me salvar

O último lugar onde te procuraria...
Aqui
Sinto o frio do seu mundo
Um lugar para ficar

A arte das palavras...
Quebre o silêncio!
Feche seus olhos enquanto falo
E só abra quando puder imaginar

Um certo som é tudo que ouço
O céu escuro aponta para o caos
A neblina tão evasiva que me atrai

O velho machucado
Coisas impossíveis caminham sozinhas

Arte sem nada
Tudo a criar
Conjuntos vazios
Resoluções corrompidas

Tentando encontrar
Você aqui!

Sim, esperava algo mais simples

A única coisa que percebo é a intensidade
Traduzida em calmaria

Esse é o meu jeito
De te lembrar quem sou
Quanto mais eu lembro
Mais tenho certeza
Não quero que se perca de mim

Padeço da esperança suprimida

Será que é pintura?
Será que é loucura?

Dá prosa ao vento
A esperança que espera a paz
Inteligencia equivocada
Ensina a me esquivar

Gostaria de um fim...
Aqui está.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Títulos dos próximos contos!

- "Apesar de você, Chico"

- "A amiúde iniqüidade lancinante do asco por ti"

- "O ser vil que serviu"

(não necessariamente nessa ordem)

EM BREVE!

(ou não tão breve... )

Dica:

É só ir ali ao lado em "Encontre-me" clicar em "Contos" e você encontrará todos os contos deste blog, seu prato principal.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Quando a menina passa

Tudo muda. Gabriela. Seu nome majestoso acompanha um andar peculiar e divertido de menina. Coisas como preocupações, neuras e gasturas se vão, quando ela passa. O vento ao seu favor. Tudo muda.

Cheirosa como a flor do monte limado. Ela passa. Sinto que não sou o mesmo.

Gabriela, eu te amo! Sem mais e, sem menos. Assim, assim de repente, me descubro apaixonado pela menina.

Se tivesse alguma dúvida, talvez pudesse reorganizar meus pensamentos. A certeza do amor chegou. É um sentimento estranho, um tanto (muito) brega. Eu diria se tratar de um sentimento desajustado, confuso e complicado como nenhum outro. Complexidade comparada somente ao ódio e a saudade, mas um pouco mais lisonjeiro. Demasiado bagunçado pelas suas sutilezas e peculiaridades. Coisa do “só amor” ou “amor só”. Somente o amar, poderia explicar tamanho reboliço.

Gabriela Panela. Remota infância. Catando seus morangos com uma caçarola gigantesca. Correndo dos cachorros e, rindo dos gatos assanhados que a perseguiam. Assim que eu me recordo dela.

Gabriela, meu amor! Pés descalços. Sorriso de criança. Bochechas coradas. Sem rumo. Sem destino. Sem nada. Voava-se. Corridas na vizinhança, esvoaçando seu vestido amarelo, seu cabelo despenteado. Tudo nela precisava ser arrumado. Coisa de menina.

As lantejoulas no trabalho de geografia, a pipa que tentava, em vão, fazer subir ao céu. Lembro-me.

A cor dos seus olhos. Esqueço-me.
Lembro do céu, do sol e, da chuva, mas não de seus olhos. Os olhos de Gabriela. Uma pena não lembrar de olhos tão lindos. Verdes, castanhos, azuis, negros... Seus olhos eram certamente belos. Essa é a certeza que me acompanha em meio à tantas imprecisões que me denúncia esta memória falha. Coisa de velho.

Gabriela se foi ainda criança. Teria se tornado uma bela mulher. Uma pena que se foi. Talvez pela pressa, talvez pela euforia descontrolada de seu corpo juvenil, não se conteve e foi-se sem ao menos um adeus. Foi-se para sempre. E deixou para traz apenas memórias em nossas mentes enferrujadas pelo tempo. Ato de pouca generosidade, certamente. Se foi pra nunca mais voltar.

A Gabriela dos olhos de canela.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Vamos lá! Aperte o “Play”!

Clique na imagem para ampliar

Vou viver do meu jeito.
Não importa o que será de mim.
Todos dirão que eu estou errado, que não é assim que as pessoas devem viver.
Mas chega disso tudo. Chega! Pra que tentar ser algo que eu não sou. Pra que tentar ser o amigo perfeito, se isso nem ao menos existe. Pra que tentar ser o amante perfeito, o filho perfeito, o cidadão modelo??? ISSO NÃO EXISTE!! Se existe eu não conheço...

É tão difícil ser "legal"...

As pessoas não podem ver ninguém triste. Isso é errado. A vida não é feita só de alegrias. Alias, são os momentos tristes, de sofrimento, que fazem dos momentos felizes algo tão vibrante e maravilho.

Não estou dizendo que todos devemos virar “emos” e cultuarmos a tristeza. Apenas que ela faz parte do mundo. Sempre fará. Então pra que fugir? Pra que fingir que estamos sempre felizes? A quem você está tentando convencer? Está tentando prova o que?

Não dizem que precisamos viver todas as fases da nossa vida com intensidade? Então vamos lá. Vivam e deixem viver.

Eu não consigo ver ninguém triste. E isso não se deve a nenhum sentimento ou caráter nobre. É apenas o meu egoísmo que não aceita ver ninguém triste perto de mim. Porque isso atrapalha a minha felicidade.

Mas afinal devemos ser nós mesmos? Ou será que devemos tentar melhorar os nossos pontos fracos? Eliminar-los talvez?
Devemos ir em busca da perfeição?

Ahauhauahuahua!!

Mas meus defeitos são tão sujos e tão lindos ao mesmo tempo... Odeio! Mas o que seria de mim sem eles? Não seria quem eu sou!
Seria “o cara”? ECA! Eu não quero ser “o cara”...

Quero ser apenas mais um. Apenas mais um tentando ser alguém. Alguém especial.

Viva, viva, viva e viva!!

Viva como se isso tudo fosse um sonho. Como se quando você acordar, estiver sozinho. Deitado em um colchão, em um beco escuro, nas ruas de uma cidade suja, onde aos olhos de todos, você é invisível, é intangível. E, por mais que grite, ninguém virá te salvar.
Mas apesar disso, você sonhou. Por isso agora você sabe...

Sabe que foi um sonho. O melhor sonho que o seu inconsciente já lhe presenteou.

Volte a sonhar! Fuja da realidade! De alguma forma, todos fogem.

Não deixe que os otimistas te confundam. Não dê muito crédito aos pessimistas. Nem ouça os sensatos.
Ouça o seu cérebro, ouça suas idéias loucas, ouça seus desejos, suas vontades, ouça o seu coração batendo. Ele bate no ritmo dos seus sonhos.

E sonhos é tudo o que você tem.

Então sonhe, viva, sofra e, seja feliz, mas não se esqueça de chorar.

Chore o quanto quiser, mas não se esqueça de sorrir.

E quando tudo estiver desmoronando, lembre-se de mim. O cara que fala um monte de merda no blog, o cara que não sabe como viver e, também o cara que vai está aqui. O cara que vai te ajudar, não porque ele é bom. Mas porque ele é assim. "Se acha”... (e além de "se achar"... ele fala na 3ª pessoa e isso assusta ele...) :P

Mas será que tudo isso é possível? E se for impossível? O que faremos?

Vamos tentar o impossível?

Vamos lá! Aperte o “Play”!


Originalmente escrito em
25/10/07

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

"Um homem de verdade não se faz só com palavras"

Antes mesmo de completar dezoito anos, lá pelos meus dezessete, já me considerava um homem.


Na verdade, acho que desde da separação dos meus pais, quando virei o "homem da casa", aos meus quinze, penso ser um homem. Um homem de verdade.

Ah! Ledo Engano...

Na hora em que se mostra a dificuldade, na hora que mais precisava, descubro que não passo de um menino. Não passo de um moleque de vinte e poucos anos.

Sempre me considerei maduro e ao mesmo tempo mantive a "criança" dentro de mim.

Não acho que estive errado, essa "criança" PRECISA sobreviver ao tempo, aos anos.

Mas um adulto se faz necessário. Um homem de verdade.

É o que minha família precisa neste momento.

Nunca fui de chorar. Não choro em velórios, muito menos em enterros. Já passei vários anos sem derramar uma lágrima se quer. Talvez porque na minha mente de garoto: "Homem não chora".

Pois é...

São justamente lágrimas que vêem aos meus olhos, no momento em que escrevo isso.

Hoje tenho a certeza que não sou o adulto que sonhei quando era criança. Não sou como meus heróis, como os homens que eu sempre admirei.

Provavelmente nunca serei, mas antes de desistir, tenho ao menos que tentar.

Talvez ainda esteja em tempo de me tornar aquilo que preciso ser.

Preciso fazer isso, não só pela minha família, mas principalmente por mim.



...DESCULPA...




Textinho "emo" pra alegrar nossas vidas. ;)


Relendo esse texto, me dou conta de como estou me expondo... Um homem não deveria fazer isso... Mas enquanto eu for um moleque, ta tudo certo. :D





"A verdade pode machucar, mas é sempre mais digna."




Obrigado


31-01-2008

terça-feira, 29 de julho de 2008

Atos em razão de si

Há momentos como esse
Simplórios acasos
Onde tudo que encontramos nos é estranho
Onde tudo que nos conforta parece distante
Quando poucas coisas fazem sentido
Conflitos
Aperto no coração
Tristeza conformada
Razão...
Procurando uma explicação
Atos...
Subserviência dos atos em si
Razão...
Desconfio das certezas
Desconfio das amizades
Desconfio da vida
Desconfio da felicidade
E diante de tanta desconfiança...
Diante de tantos perigos eminentes... Imaginários!
Perco-me, cada vez mais
Cada vez mais e mais...
Foi-se a razão.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Gestão do ser corrido ao pé

Sempre que encontrava algo melhor, ela o trocava.
Tinha a sensação de ápice. Algo fugido de dentro, do centro. Algo abominável. Procurava o pé. Procurava sempre pelo pé. Jamais sorria.

Tentava de todo modo se livrar da desagradável criatura. Em vão, sempre em vão. Era mais forte, mas alto e visivelmente superior.

Cortava-lhe lasquinhas do dedão esquerdo. Tentava feri-lo. E corria de medo dele. Morria de medo dele.

Tinha porém uma curiosidade, unida com uma coragem inusitada.

Forte e lerdo, ele acordava. Fazia dois movimentos bestiais e retornava ao seu sono íntimo e refrescante. Voltado para o sol. O segundo sol.

Ela precisava trocá-lo, e tocá-lo em outra extremidade do seu ser corrente. Prende-lo em seu arco flamejante. Cortá-lo novamente, quem sabe?

Foi-se em nova investida: Cuspir-lhe à cara. Falsos trejeitos a desconcertaram.

Gestão de seus movimentos.

Estava pra desistir diante de tudo aquilo que era a criatura. Pensou-se em ir. Pensou-se ali. Logo, pensou em ficar. Tentar tudo novamente. Acordar sem despertá-lo.

Foi-se uma, duas e logo a terceira batida: Dormia profundamente em seu recanto não mais silencioso.

Foi-se quatro, cinco e a sexta batida: Virou-se para o lado.

Foi-se sete, oito, nove e a décima batida: Trovoadas seguidas de vento!

Acordara o gigante! Seus pés bateram no chão com impressionante força e firmeza. Ela sucumbiu diante do pesado pó.

Distante corrida até o fim seguro.

Precipitou-se a desistir. Indo embora pelo torto caminho de pedra lascada e seca.

Água em teus olhos. Água salgada surgia, embaçando sua visão.


Ele se aproximava. Seu desespero, seu choro, sua pulsação antes pendentes, explodiram.

Aproximava-se. Suspense mórbido.

Foi então que a criatura sorriu. A ergueu com sua mão de pele tão dura.
Diante dela o gigante sorriu.

Não iria mais trocá-lo. Apenas tocá-lo. Para sentir.
Sentiu-o como havia sonhado em sentir seu predecessor inexistente.

Por fim sorriu.

Títulos dos próximos contos!

- "Gestão do ser corrido ao pé"

- "Quando a menina passa"

- "Apesar de você, Chico"

- "A amiúde iniqüidade lancinante do asco por ti"

- "O ser vil que serviu"

(não necessariamente nessa ordem)

EM BREVE!

(ou não tão breve... )

Em torno do eixo meu


Adorar é sei que está chegando, mas não chegou. Atrasado talvez. Talvez não venha...

Adorar: Fato contraditório em relação ao afeto. Afetuosa palavra que descreve a apreciação de um certo ser a sua volta ou não. Tudo adorável em torno do eixo eu. Forte sentimento de gostar, porém reduzido pela astúcia do tempo que ainda não chegou.

Amar é diferente. É algo maior, melhor.

Amar: Gostar de modo intimamente gentil e traiçoeiro. Sentir-se perdido, isolado em seu sentimento, mesmo repreendido pelo ser amado. Coisa boba. Flor do amanhã que ainda não nasceu. Gosto de você, meu amor.

Sinto agora. E agora eu sinto... MUITO!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Enfim só

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Homem de pedra dura

Sou um homem de pedra, pedra dura
Que não habita, se habitua

Ainda lembro da ultima vez que sentir o calor de um abrigo.
Tão quente.
Aconchegante.
Fiz de tudo pra ficar, mas cai.
Fui expulso, escorraçado.

Tive que lembrar que ainda seria capaz de voltar.
Nunca voltei.

Estou aqui, no frio, sereno frio.

Coisas surgiram em minha mente.
Mente confusa a minha.
Mente insana.
Pensa em voltar.
Pensa em aceitar.
Aceitar sua falta de talento.
Sua vocação de ser nada e nada ser.
Seu desespero.
Essa vontade de sumir.
Algo demais até pra mim.
Foda-se!

Olá sol brilhante, incandescente!
Estou apenas esperando o momento de sua morte.
Estarei morto, mas ainda assim, tenha certeza que apreciarei o espetáculo em toda sua glória.
De forma silenciosa, sem chamar atenção, mas estarei lá, observando sua morte, assim como observou a minha.

Vida grosseira. Revolta.

Há de acabar.
Acabou.
Agora já acabou tudo.

Fui pra onde nunca achei que iria.
Fui pra muito longe.
Fui pra não voltar.
Voltei.

Agora sigo com a lua. Onde ela me levará não sei.

Quando se encontrar com o sol, saberei.

Saberei se ainda sou um homem de pedra, pedra dura.

Elo vago


A felicidade aproxima-se

entra pela porta entreaberta
estava quase fechada

Não é difícil fazer alguém feliz
É tão fácil
Tente
Descubra...
e Permute!
Mude...
se achar necessário
Ocupe...
se achar vago

Adapte-se!

Fortaleça seu vocabulário
Use palavras carinhosas
Mas que transmitam verdade
Você feliz
Logo sou feliz

A prosa
O verso
E a poesia
Todos estão aqui
Perto de mim
Todos farão de ti
Algo melhor

terça-feira, 1 de julho de 2008

A bela adormecida com insônia

Eu interpretando a bela adormecida em um monólogo que escrevi.

Filmagem (
mode "mal de parkison" on) by Camila (Mimi)

Brigadão xuxu!!!

PS: ta faltando o comecinho.

PS.2: Reparem na pessoa filmando e rindo ao mesmo tempo, isso sem contar ela falando "meu orgulho" durante a filmagem... Porra!! Foi pra isso que eu te contratei? :P


domingo, 29 de junho de 2008

Sobre sonhos, vidas ou pessoas. Ou tudo isso junto


Não há uma combinação de palavras que eu possa fazer pra me expressar
Não como eu gostaria ou deveria
Assim como vemos num sonho
Pois eu sei que os sonhos só podem ser feitos de coisas reais
Coisas como um beijo estalado e meio que inesperado
Ou até um tapa bem estalado num rosto merecido
Esses sonhos podem trazer respostas
pra boa parte das perguntas que martelam nossos pensamentos
Assim como “Por que estamos aqui?”, “Pra onde vamos?”
ou ainda “Por que isso tem de ser tão difícil?”

Sonhos.
Esses não nos enganam
Por mais absurdo que sejam
Jamais mentem

A vida.
É. A vida pode mesmo nos enganar
E como saber se ela está contando a verdade?
Talvez, só se tenha uma resposta
se tiver alguém do seu lado pra te contar
Ou ao menos fazer com você esqueça
essa inquietante dúvida inevitável

Por isso é sempre melhor ter alguém por perto
Alguém junto
Mas junto mesmo! Mesmo que apenas em pensamento

Mas bom mesmo seria viver sonhando...
Sonhando não temos pudores e nem limites
Então, tudo se torna mais fácil!
Mas aí chega a hora de acordar
E voltar às nossas preocupações
com as milhares de coisas que temos a fazer
E escolher se daremos atenção a quem, talvez, precise de nós
Ou que combinação de roupas usar

Seria ótimo mesmo viver sem se preocupar com isso
Ou se amanhã estaremos aqui pra pensar nisso
E não é justo passar por isso sozinho
É bom sempre levar alguém junto
Seja pra divagar sobre teorias existenciais de Descartes
Ou pra ajudar a carregar as compras do mês

É sempre bom ter alguém por perto.

Bruno Farias


Foto by Bruno
Flick: http://flickr.com/everrocks

terça-feira, 24 de junho de 2008

Lamentavelmente eu sou assim...


Conversas interioranas dizem mais do que o mundo lá fora
Pensamentos que vêm somente na solidão
São tão puros...
Gosto dessa calmaria com gostinho de excitação
Certo e permanente
O gosto das coisas novas
Errado e diferente
Nunca esquecerei tudo e todos que estiveram aqui
Homens e mulheres que me ensinam mais do que eu mereço
Me ensinaram que o mais importante é ser
Ser
Eu preciso tanto ser!

Lágrimas agora....

Ah! Felicidade medonha!
Aterradora!!
Me assusta tanto

Lágrimas agora...

Mistura calorosa de gostos
Sentimentos tão aflorados
Sintomas de eternidade
Alegria!
Desejos sublimes
Nada é o bastante
Súbita mutação constante
Confirmações...

O palco é minha casa
Meu lar
Onde quero estar
É tudo o que tenho
É tudo o que sei
Não, eu não sei
Os Aplausos...
Agradeço!
Imensamente agradeço!

Lágrimas agora...

Vejo estrelas virando constelações
A platéia tão distante
Cheguem mais perto!

Ainda sou tão pouco
Tentando ser tanto...
Quero ser tanto quanto o nada
Ser o próprio nada!!
Nada nunca vai estar pronto
Eu não estarei pronto
Nada será definitivo

Eterno aprendiz desse ensaio que sou eu
Esboço de um rabisco mal acabado
De um lado sei que estou do outro
Assim espero
Assim será!
É o que quero

Agora lágrimas...

Vem comigo
Vamos ensaiar!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

# A Calmaria #


a calma vai
até onde vai a calma

até onde vai a calma?

até onde vai.
acalma

Bruno Farias

terça-feira, 17 de junho de 2008

MSN

Sempre odiei o que a maioria das pessoas fazem com os seus MSN's.

Não estou falando desta vez dos emoticons insuportáveis que transformaram a leitura em um jogo. O espaço 'nome' foi criado pela Microsoft para que você digite O NOME que lhe foi dado no batismo. Assim seus amigos aparecem de forma ordenada e você não tem que ficar clicando em cima dos mesmos pra descobrir que 'Vendo Abadá do Chiclete e Ivete' é na verdade Tiago Carvalho, ou 'Ainda te amo Pedro Henrique' é o MSN de Marcela Cordeiro.
Mas a melhor parte da brincadeira é que normalmente o nick diz muito sobre o estado de espírito perfil da pessoa. Portanto, toda vez que você encontrar um nick desses por aí, pare para analisar que você já saberá tudo sobre a pessoa...

'A-M-I-G-A-S o fim de semana foi perfeito!!!' acabou de entrar. Essa com certeza, assim como as amigas piriguetes (perigosas), terminou o namoro e está encalhadona. Uma semana antes estava com o nick 'O fim de semana promete'. Quer mostrar pro ex e pros peguetes (perigosos) que tem vida própria, mas a única coisa que fez no fim de semana foi encher o rabo de Balalaika, Baikal e Velho Barreiro e beijar umas bocas repetidas. O pior é que você conhece o casal e está no meio desse 'tiroteio', já que o ex dela é também conhecido seu, entra com o nick 'Hoje tem mais balada!', tentando impressionar seus amigos e amigas e as novas presas de sua mira, de que sua vida está mais do que movimentada, além de tentar fazer raiva na ex.

'Polly em NY' acabou de entrar. Essa com certeza quer que todos saibam que ela está em uma viagem bacana. Tanto que em breve colocará uma foto da 5ª Avenida no Orkut com a legenda 'Eu em Nova York'. Por que ninguém bota no Orkut foto de uma viagem feita a Praia-Grande - SP ?

'Quando Deus te desenhou ele tava namorando' acabou de entrar. Essa pessoa provavelmente não tem nenhuma criatividade, gosto musical e interesse por cultura. Só ouve o que está na moda e mais tocada nas paradas de sucesso. Normalmente coloca trechos como 'Diga que valeuuu' ou 'O Asa Arreia' na época do carnaval.

Por que a vida faz isso comigo?' acabou de entrar. Quando essa pessoa entrar bloqueie
imediatamente. Está depressiva porque tomou um pé na bunda e irá te chamar pra ficar falando sobre o ex.

'Maria Paula ocupada prá c** ' acabou de entrar. Se está ocupada prá c**, por que entrou cara-pálida? Sempre que vir uma pessoa dessas entrar, puxe papo só pra resenhar; ela não vai resistir à janelinha azul piscando na telinha e vai mandar o trabalho pro espaço. Com certeza.

'Paulão, quero você acima de tudo' acabou de entrar. Se ama compre um apartamento e vá morar com ele. Uma dica: Mulher adora disputar com as amigas. Quanto mais você mostrar que o tal do Paulão é tudo de bom, maiores são as chances de você ter o olho furado pelas sua amigas piriguetes (perigosas).

'Marizinha no banho' acabou de entrar. Essa não consegue mais desgrudar do MSN. Até quando vai beber água troca seu nick para 'Marizinha bebendo água'. Ganhou do pai um laptop pra usar enquanto estiver no banheiro, mas nunca tem coragem de colocar o nick 'Marizinha matriculando o moleque na natação'.

> > > ' < . ººº< . ººº< / @ || e $ $ ! || |-| @ >ªªª . >ªªª >' acabou de entrar. Essa aí acha
que seu nome é o Código da Vinci pronto a ser decodificado. Cuidado ao conversar: ela pode dizer 'q vc eh mtu déixxx, q gosta di vc mtuXXX, ti mandá um bjuXX'.

'Galinha que persegue pato morre afogada' acabou de entrar. Essa ai tomou um zig e está doida pra dar uma coça na piriguete que tá dando em cima do seu ex. Quando está de bem com a vida, costuma usar outros nicks-provérbios de Dalai Lama, Lair de Souza e cia.'VENDO ingressos para a Chopada, Camarote Vivo Festival de Verão, ABADÁ DO EVA, Bonfim Light, bate-volta da vaquejada de Serrinha e LP' acabou de entrar. Essa pessoa está desesperada pra ganhar um dinheiro extra e acha que a janelinha de 200 x 115 pixels que sobe no meu computador é espaço publicitário.

'Me pegue pelos cabelos, sinta meu cheiro, me jogue pelo ar, me leve pro seu banheiro...' acabou de entrar. Sempre usa um provérbio, trecho de música ou nick sedutores. Adora usar trechos de funk ou pagode com duplo sentido. Está há 6 meses sem dar um tapa na macaca e está doida prá arrumar alguém pra fazer o servicinho.

'Danny Bananinha' acabou de entrar. Quer de qualquer jeito emplacar um apelido para si
própria, mas todos insistem em lhe chamar de Melecão, sua alcunha de escola. Adora se comparar a celebridades gostosas, botar fotos tiradas por si mesma no espelho com os peitos saindo da blusa rosa. Quer ser famosa. Mas não chegará nem a figurante do Linha Direta.

Bom é isso, se quiserem escrever alguma mensagem, declaração ou qualquer coisa do tipo, tem o campo certo em opções 'digitem uma mensagem pessoal para que seus contatos a vejam' ou melhor, fica bem embaixo do campo do nome!! Vamos facilitar!!!!


Arnaldo Jabor

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Língua

Sem querer, ultrapassei a fronteira dos dentes dela e engoli sua língua ágil. A língua vive dentro de mim, como um peixe japonês. Roça no meu coração e no meu diafragma como se eles fossem as paredes de um aquário. Levanta sedimentos do fundo.
A mulher que privei de voz fixa os olhos gandes em mim e aguarda uma palavra.
Porém não sei que língua usar ao dirigir-me a ela - se a que roubei ou a que derrete em minha boca por excesso de bondade pesada.

Zbigniew Herbert

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A minha lei...

A minha lei é não aceitar

A minha lei é ser e estar

É não reconhecer a derrota e levantar

É cuspir pra cima e não esperar que tudo volte

É saber que as coisas que eu sei não passam de lixo na atmosfera

É ouvir mais do que falar

É saber que a primeira camada nunca é onde encontramos a derradeira verdade

É ter a consciência que a sinceridade pode machucar

É aproveitar cada chance, cada amor, cada amizade

A minha lei é não confiar

É sorrir quando desanimado, exaltando a falsidade

É sentir medo e assumir a solidão

É ficar bem, mesmo quando não há mais ninguém

É gostar de estar acompanhado

É assumir que eu posso amar e ser amado

A minha lei não é lei das leis, nem tenta ser

A minha lei é contrariada, derrubada, infligida, perdida, morta e enterrada

A minha lei se foi...

E agora é simplesmente nada.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Solitude

Onde está?
Onde está você?
Onde está você senão do meu lado?
Estará adiante, me esperando?
E agora?
Agora que vivo sozinho estou mais forte
A solidão me ensinou a solitude
Tenho forças quase infinitas
Posso me erguer centenas de vezes
Penso que de nada adianta
Pessoas a minha volta
Sei que nada adianta
Amores proibidos
Nada adianta dizer
Mas gostaria que fosse feliz
Gostaria de dizer que te amo
Que te amo mais que tudo
Que minha felicidade depende da sua
Mas não é verdade
Adoro-te tão pouco, que só posso chamar de gratidão
Minhas certezas tornaram-se dúvidas
E isso tudo aconteceu antes do amanhecer
Antes de saber
Foi tudo tão rápido
Hoje entendi
Entendi o silêncio das palavras
E hoje estou aqui
Chorando enquanto tento sorrir

domingo, 25 de maio de 2008

Paixões, verdades e um pouco de sal


Uma taça de vinho... à meia-noite
Algo que possa tocar
Está escuro
Posso aliviar meu desejo
Tocá-la...
Sem pudor algum
Sem todas as mentiras tão costumeiras
Já as deixei para trás
Tudo começa a rodar
Já não sei onde estou
Só a verdade restou em mim
Ainda tenho minha memória...
e tudo o que ficou
Fico parado pra ver se passa
Se todo meu passado passa
não passa...
Cansei de esperar
Perdi a paciência que tanto estimava
Aos poucos... Devagar...
Tudo foge do meu alcance
Não posso tocá-la...
E atrás de tudo está o que ficou...
Fiquei aqui, perdido
Desesperado... por uma taça de vinho
Que não veio


27.02.08

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O triste fim de um novo começo que ainda não acabou

Quando estava sozinho não notei o que estava acontecendo.
Quando saí, não sabia que nada seria como antes.
Agora que estou de volta, vejo que apesar de tudo, nem tudo mudou.
Ainda sou o mesmo de antes, porém... modificado.

Passei por experiências boas, outras nem tanto.
Nenhuma ruim o suficiente... Sinto-me privilegiado.
De um jeito ou de outro, sinto como se tivesse vivido um sonho.
Um sonho belo e trágico, fantasioso e realista como nenhum outro.
Mas e agora? E agora que acordei desse sonho... O que fazer?
Nunca mais serei o mesmo, mas ao mesmo tempo, nunca mais serei quem fui durante esse sonho.
Sou diferente agora: marcado, ferido, amado, vivido.
Posso ser tudo o que quero ser, porém tenho capacidade de falhar miseravelmente.
Tenho a capacidade de cair e não mais levantar
Ou levantar mesmo sem ter caído.
Por isso, apoiado nos meus joelhos machucados, eu me ergo uma vez mais,
só pelo prazer de continuar vivo.
E sabe qual é a melhor coisa em estar vivo?
Ter a certeza que um dia morrerei.
Porém egoísta que sou, desejo não morrer sozinho.


Arthur

27/11/2007

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Livre-se dos seus medos

Nem sempre as decisões que tomamos são as mais certas. Quantas vezes você teve duvida? Quantas vezes você teve medo de se arrepender?

Fique tranqüilo, isso é perfeitamente normal. Todos temos medo.

Percebo que o medo mais constante que temos é o de sofrer. Principalmente quando já experimentamos esse sofrimento. Muitas pessoas, depois de desiludidas com algum relacionamento, têm medo de se entregar novamente. Isso é perfeitamente justificável. Elas têm medo de sofrer tudo aquilo novamente. E é justamente por isso que tentamos evitar.

“E se eu sofrer aquilo novamente, será que eu vou agüentar?”

Isso eu nunca vou poder responder, mas garanto que você é mais forte do que imagina.

E não tem jeito, a vida é um grande jogo. Você procura segurança, mas dificilmente a alcançará sem se arriscar. Você tem tanto medo do futuro, tem tanto medo de magoar e de ser magoado. Prefere ficar parado, porque assim está se preservando, se protegendo de um futuro provável sofrimento.

Paixões não têm momento certo, muito menos lugar certo. Tudo pode acontecer. Pode ser com pessoas novas, ou com aquelas que já estão em nossas vidas, pessoas que podem nos surpreender.

Tenha certeza de estar aberto às novas possibilidades. Tenha certeza de está livre de tantos medos. Apesar de te protegerem, eles podem impedi-lo de viver algo extremamente bom. E não se esqueça: o sofrimento faz parte da felicidade. Um não existe sem o outro. Por isso não tenha tanto medo de sofrer.

Você não sabe o quanto é forte.


06/12/2007

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Esse texto, eu escrevi já faz algum tempo, nem pensava em postar, mas eis que encontrei um bom motivo: Queria postar algo escrito por mim, então esse foi o felizado.

Que textinho mais auto-ajuda...

Não lembro muito bem porque escrevi, provavelmente porque precisava ler algo assim.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

E tentou entender...


Cada tempo tem o seu precioso tesouro
Cada tempo tem sua função emblemática na história
E você foi apenas mais um objeto de desejo
Cobiçada, desejada, e enfim desfrutada.
Sem nenhum pudor, sem nenhum sermão.
Foste desfrutada.
E tentou entender...
Quantas vezes você já tentou entender o que não pode ser entendido?
Procurou o que não pode ser encontrado.
Sofreu por algo sem solução
Sabendo que a solução estava dentro de você
Apesar de tudo, você nunca parou de buscar respostas.
Nunca deixou de se questionar
Isso é o que a manteve viva
Era tudo o que tinha...
Tentou se conformar, mas foi em vão.
Sentiu-se cansada e pensou em desistir
E porque não desistiu?
Você nunca soube... Provavelmente nunca vai saber
Sabia que precisava continuar
Sentia que precisava continuar
E continuou...
Sem saber o porquê, continuou.
Simplesmente continuou...
E continua até hoje.
Não que você tenha que continuar
Você quer continuar...
E no fim, no fim de tudo.
Quando não houver mais nada
Você vai desistir
Simplesmente desistir
Mas tudo bem...
Já lutou tanto
Está tão cansada
Descanse...
Eu continuo daqui.

Arthur

25.02.2008

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Carta de um palhaço

Olá, como está?! Espero que esteja tudo bem por aí?


Estou escrevendo porque quero dividir com você um pouquinho do que vivo, pelo menos uma vez por semana, nos hospitais que visito como palhaço. Tudo bem, eu sei que você nem perguntou sobre o assunto, talvez você não tenha interesse em saber e ao começar a ler pense “Depois eu leio isso!” e deixe a carta sobre a mesinha, ao lado do telefone, por muito tempo. Mas eu queria dividir com você.


Não quero falar sobre a cor da minha roupa de palhaço, não quero falar sobre o número de quartos e muito menos sobre os prontuários que acompanham cada paciente. Queria falar pra você sobre os sentimentos, sobre os sorrisos, sobre as lágrimas, sobre as idas e vindas e todo o transito de emoções que corre diante dos olhos.


Ser palhaço é bom, faz bem para a alma, mas não é terapia! É como se ganhasse um brinquedo novo muito legal, muito bonito, mas que só pode ser jogado por duas pessoas. E é como se todas as outras pessoas fossem a “segunda pessoa” desse jogo. Ser palhaço no hospital te deixa alerta, atento, receptivo a tudo, talvez até mais do que em qualquer outro lugar. Todas as informações são dadas ao mesmo tempo, e diferente de um “desnarizado” você recebe todas elas, boas e más, engraçadas ou tristes... A realidade cai no seu colo! Como diz um amigo meu “as informações são dadas como um soco direto na cara, sem nenhuma defesa”. Como você lida com isso? “Não, não pense... Seja razoável e seja palhaço!” A peteca não deve cai, mesmo quando uma enfermeira pega a veia de uma criança que chora, quando um samba é dançado com intensidade da UTI Pediátrica com o batuque das enfermeiras no balcão e risos de pacientes, quando se ouve “por favor, diz o que eu quero ouvir” de uma avó que teve o seu neto atropelado, ou senão quando se ouve “Uau! Que máximo!” de uma enfermeira que acompanhava tudo quase escondida...


O interessante disso tudo é que todos os sentimentos, trabalhando muitas vezes um em oposição ao outro, se conversam sem conflitos. Um dá espaço ao outro, no seu tempo, no seu limite, de forma educada. Às vezes a dor permite que o riso se manifeste, mesmo que por uns instantes. Esse sorriso nasce dos momentos mais inusitados possíveis, como de uma pescaria de palhaços, numa montaria no meio do corredor, em uma dança que precise de “emoção” e termine em um choro escrachado, em um exame médico que um “toscópio” ouve pensamentos da criança, ou até mesmo em um simples passeio de elevador. E muitas vezes o eco disso tudo é uma lembrança quase física que mantém a harmonia desses dois sentimentos, alegria e tristeza Afinal de contas, não podemos fingir que a dor e a tristeza não existem. Elas existem sim, mas podem dividir o leito com outros bons sentimentos. Tudo se encontra no mesmo sentido, perdidos em uma só via de fluxo de informações e desinformações. Maluco demais né?! Então mudemos, digamos “que legal!” às próximas palavras, e que elas sejam lidas sem preocupação, sem nenhum peso ou tensão... Simplesmente sejam lidas e compreendidas.


Sabe o que eu gosto nesse trabalho todo? Gosto de conversas despretensiosas, aquelas conversas moles com médicos e enfermeiras... É aí que você conhece muita gente, é a oportunidade de olhar nos olhos de cada um e saber quem eles são. Também gosto de bater na porta e notar a expressão do rosto quando a porta se abre e vêem dois palhaços parados sob o batente! É legal quando você pergunta se pode entrar e uma pessoinha lá deitada na cama faz gesto com a mãozinha convidando a conhecer o quarto. Pequenos bichinhos de pelúcia se tornam feras, as grades da cama viram jaulas, mães viram domadores, soros viram aquários, e a criança é a dona de todo o safári pelo quarto! E nesse passeio pela vontade dos pequenos, já fui peixe, já fui criança, já fui invisível, já fui bonito, feio, fui quase inteligente... Fui muita coisa legal! E o melhor de tudo isso, é que me diverti junto com elas. Me diverti e aprendi muito! É incrível como se aprende com uma criança dentro de um hospital! Sinceridade, ingenuidade, e uma das máximas do palhaço que é tão difícil para um homem crescido, que é “ser você mesmo, sem medo nenhum”. É difícil ser, simplesmente ser, sem pensar e sem julgar! Eu e meu violão que o diga!


Um amigo-professor pensa no palhaço, na cena a ser construída, no jogo, como uma lasanha, que é feita por camadas, que deve ser servida e saboreada no momento certo! Eu ainda sou novo nisso tudo, estou aprendendo a fazer ovo! E acabei de pensar que o hospital se parece com um ovo, onde a criança, os pacientes, são as gemas, o núcleo, o centro. O palhaço é a clara, que tem que ser transparente pra chegar no seu estado maior de disponibilidade de ser ele próprio! E a casquinha são todos os profissionais que trabalham lá, desde a limpeza até a diretoria. São aqueles que protegem, que cuidam. O palhaço, a clara, está em contato com esses dois mundos, com esses dois lados do ovo, a casca e a gema. Mas essa conversa além de gastronômica e de combinação duvidosa (ovo e lasanha), também tem muita história pra contar!


Desculpa, isso acontece com freqüência quando tenho que falar sobre palhaço e hospital, eu viajo, vou além, me deixo levar pelas minhas vontades, meus sentimentos e acabo contando coisas que não são exatamente do dia-a-dia, mas sim das minhas impressões pessoais. Mas acho que faz parte também, senão, não seria uma carta, seria uma matéria da revista “Pequenas empresas, Grandes negócios”. Gosto de escrever assim, como se fosse uma conversa... Deixa mais informal, sinto como se eu estivesse sentado com você em algum lugar, te contando das minhas coisas.


Sempre quando estou no hospital, momentos antes de sair da sala onde nos preparamos, no momento de colocar o nariz busco em mim mesmo o “degrau” que me ensinaram, tento apertar o botãozinho mental que me leva pra onde eu quero ir... Fecho meus olhos, peço que tudo corra bem. Na saída, na hora de ir embora, às vezes, penso nas crianças que visitei, e quietinho, dentro de mim peço que tudo fique bem com a gente que vai e com aqueles que ficam no hospital.


É estranha a relação que se estabelece dentro daquelas paredes, tanto com enfermeiras, quanto com pacientes. No curso de psicologia, aprendemos uma coisa estranhíssima, que é a distância segura entre o psicólogo e o paciente. Mas e o palhaço?! Se eu for convidado pra ir à casa de um paciente, como já aconteceu algumas vezes. Por mais que eu não vá, é um convite que estou recebendo para conhecer seu mundo, sua intimidade. Não consigo fazer uma separação muito clara entre esses dois mundos. Visitei um menininho por quase um ano, todas as semanas. Fiz muita amizade com o pai dele, enquanto o pequeno estava em coma. Quando ele acordou do coma, a primeira vez que nos viu, chorou, mas chorou muito! Eu fiquei distante, não sabia se era medo ou outra coisa. O pai disse que era emoção, por conseguir ver a cor, o tamanho, o rosto daquelas vozes que passavam ali todas as semanas pra falar um monte de coisas “quase sérias”. Depois desse dia, sempre que chegávamos à UTI éramos recebidos com um sorriso banguelinha gigante! Eu adorava estar ali com ele. Nunca ouvi a voz do menino, devido aos problemas respiratórios dele, mas eu sabia tudo o que ele queria fazer e dizer. Quando voltei para trabalhar nesse hospital em que ele estava, cheguei na UTI perguntando por ele, mas ele já tinha ido embora. Não se sabe ainda se ele vai melhorar 100%, mas pelo menos agora ele está em casa. É uma sensação boa de saber que ele está bem melhor que antes, mas dá um aperto no peito de saber que um amigo foi embora! E ao mesmo tempo é uma sensação de “queria dizer tchau” e outro “prefiro não vê-lo mais aqui no hospital”. Eita sentimento bobo o nosso, né?! Leva e trás pensamentos que confundem mais ainda.


Tem também momentos mais ligeiros que marcam muito. Momentos bons e momentos ruins. Já vi um bebezinho morrendo na minha frente, e apesar de eu falar pra todo mundo que ficou tudo bem depois, eu sei que meus pensamentos ainda borbulham na tentativa de compreender aquilo tudo e falar “não, não era um filme... era de verdade”. Já tive a ponta dos dedos de um menininho cego passeando pelo meu rosto, “enxergando” o tamanhão do meu nariz e abrindo um sorriso enorme! Há pouquíssimo tempo, fomos surpreendidos por um menininho em coma, que sorriu quando tocamos e cantamos! E ainda bem que escrevi isso aqui, pois era um pensamento que estava fugindo... São tantas coisas, que eu ficaria muito tempo escrevendo. Mas quem sabe em uma outra carta, né?! Por enquanto eu fico por aqui mesmo. Obrigado por ler e aceitar essa partilha de sentimentos, que são muito mais que simples histórias e “informações”.


Um beijo grande


André Correia

Blog do André: Santa Basfémia


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Esse foi um texto que meu professor de clown e, grande amigo André escreveu.
O que mais gostei foi a transição entre ele e o Minduim (o clown dele/ele de clown) durante a carta. Sem contar a sensibilidade com que relata seu dia-a-dia no hospital. Um relato grandioso e ao mesmo tempo simples. Simples como a risada de uma criança, simples como um palhaço.

Parabéns André!!


obs.: Na foto, Dr. Acerola e Dr. Minduim, respectivamente.


quinta-feira, 3 de abril de 2008

"Máscaras... Quem tem coragem de deixá-las cair?"


O tempo nos muda de uma forma misteriosa.

Sou diferente hoje daquele que fui ontem.
Passamos a vida inteira procurando descobrir quem somos. E provavelmente morreremos sem saber ao certo.
Somos o resultado de muitas variáveis, de muitas experiências. Mesmo pequenas coisas podem nos afetar de modo intenso e permanente.

No dia a dia somos obrigados a usar máscaras. Todos usam, mesmo os mais verdadeiros.
As máscaras precisam ser usadas devido ao atrito decorrente das relações humanas.
Usamos as mais diferentes em nosso cotidiano.
O outrora rapaz tímido, é agora o que mais brinca.
A garota insegura se torna a segurança em pessoa.
Aquele que é sensível usa uma máscara que o faz parecer o mais duro e insensível dos seres.
Tudo isso para esconder o que somos. Quem somos.

E no meio de tantas máscaras acabamos perdidos.
Afinal, onde acaba uma e onde começa a outra?

Quem somos de cara limpa?

Usamos máscaras até para nós mesmo.
Porque não nos permitimos ser quem somos.
Não aceitamos nossos defeitos, nossas mais terríveis falhas.

Descobrir quem sou. Meus motivos, o que me deixa feliz.
Essa é uma busca sem fim.
Mas ao contrário do pensamento comum, essa não é uma busca solitária.
Pessoas mostram lados de nós mesmos que desconhecemos.
Somos um produto das relações que temos e tivemos. E no futuro seremos o que vivemos hoje.

Talvez as máscaras não sejam máscaras, talvez seja você.
Talvez seja você refletido em mim.
Talvez seja um lado seu, que nunca aceitou.
Seu consolo sempre foi saber que você não era aquilo, mas talvez você seja.
Talvez não.

Eu diria que o auto-conhecimento é o verdadeiro segredo da felicidade.

Supondo que exista a tal da felicidade.



__primeiro de março de dois mil e oito__



PHoto by ~mok1
http://mok1.deviantart.com/gallery/