sexta-feira, 22 de abril de 2011

Making of "Corte"

ATENÇÃO!!! LEIA O “MAKING OF” ANTES DO CONTO POR SUA CONTA E RISCO. VOCÊ FOI AVISADO!


"Um simples corte pode mudar muita coisa no seu dia."


Lendo-o agora tenho noção de como estava certo na minha dúvida se deveria publicá-lo como conto, sendo que trata-se obviamente de um raso fragmento. Adoro ‘adjetivar’ tudo que posso. Influencia tardia de Proust, acredito eu.

Senti a necessidade de escrever algo, mas não tinha uma história; então pensei que talvez a melhor forma seria partir de um título inusitado, mas esse não surgiu. Comecei a escrever assim mesmo, sem ter a mínima ideia do que surgiria. Sempre um exercício interessante.

Gosto desse tipo de escrito, o qual denomino, inseguro por certo, de ‘fragmento’. Não há início, meio, mas talvez um fim; não um fim completo, mas um fim circunstancial. Não sei o quanto ficou claro ou não o que está se passando. Gosto de não entregar a história pronta para quem lê. Obviamente tenho receio que não esteja claro o suficiente, o que, sem dúvida, será uma falha minha. Entretanto garanto que há uma história e alguns dos sentimentos mais intrínsecos ao ser humano nesse pequeno fragmento.


Muito obrigado e deixe seu comentário com críticas, principalmente negativas! ;)

Corte

Um simples corte pode mudar muita coisa no seu dia. Não só pelo sangue que escorre causando a terrível sujeira que sujeita um sujeito já sem muita higiene a ficar exposto a todo tipo de germes e bactérias que estão no ar contaminado que já lhe causa uma certa dificuldade em respirar. Um sujeito asmático.

Esse simples corte o torna mais vulnerável à medida que sente a inevitável tontura e vomita. Reação igualmente inevitável causada pelo corte. Um corte profundo e obliquo que transpassa a terceira camada da epiderme causando um sangramento abundante se estivermos buscando a perspectiva do ferido.

Por causa desse corte, ele – até poucas horas ‘ela’ – desiste de retirar o resto de maquiagem que ainda está em sua pele. O espelho lhe remete um perfeito panda em processo de deterioração. O removedor de maquiagem faz o corte arder. Procura rapidamente algo que possa estancar o sangue, porém acaba por falhar em sua busca.

Pensa que não pode desmaiar. O corte agora parece mais profundo. Sua asma se faz presente. O banheiro começa a girar e tudo escurece.

Está no chão agora, quase abraçando a privada. Seu corpo está mole com uma leve dormência nos membros inferiores. Seu gato ‘vira-lata’ esforça-se para transpassar o curativo com sua língua. A dormência o incomoda. Levanta-se, mas não sem cair em seguida. Consegue esticar o pescoço e olhar além da extensão do banheiro. Seu pequeno quarto estava mais vazio que de costume. Não enxergava sua televisão, e muito menos o seu amado liquidificador verde, presente de sua mãe. Avistou suas roupas jogadas no chão e ao observar mais atentamente, avistou minúsculas gotículas de sangue formando um rasto até onde se encontrava.

Arrastou-se até o telefone e ligou para a polícia. Desligou em seguida. Colocou lentamente o telefone de volta no gancho, jogou-se ao chão e soltou uma gargalhada estridente.

“Uma reação comedida”, pensou.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Eu quero um romance

Eu quero um romance pra mim. Algo que cresça, fecunde, que floresça. Que se reescreva a todo instante. Eu quero um romance.