sexta-feira, 30 de abril de 2010

Das palavras que escolhi

Não sei mais o que fazer desta única vez, como quase sempre. Quase gosto disso. De pensar que tudo se resolverá sozinho. Nada do que pensei será. Frases curtas. Não quero escrevê-las, mas elas saem. A todo momento sei que estou perdendo. Não quero perdê-la(s). Quem será ela? Ah! Quantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Todas incipientes, frágeis e abundantes de algum desprezo, que eu ainda não sei ao certo qual é. E não volta; nunca mais voltará. E se voltassem? Poderiam voltar? Eu falo dos momentos, dos recortes, daqueles instantes únicos que só acontecem um de cada vez, em seu tempo, nunca simultaneamente. Estou falando dos momentos que não marcam o princípio e sim o fim. Esse fim é o que mais almejo. Estou falando dos olhares, do desejo. Falo daquela vontade que não passa com o tempo. Estou falando do querer fingido, do desejo de se aproximar, que se aproxima sem ser percebido. Pra quem mesmo eu estou dizendo tudo isso? Estou falando dos nossos impedimentos. Passados e futuros. Já no presente são indisponibilidades. Pra quem escrevo? Se escrevo, escovo, penteio, visto, cuido e arrumo uma vez mais. Só dessa vez.

São esses momentos único que nos fazem viver. Que me faz nos querer por perto um do outro, mesmo que ela não saiba das coisas que sinto, senti, sentirei e, cabe aqui dizer, sentiremos separados. Nem tudo o que eu quero pode ser. Se eu voltasse teria feito diferente? As mesmas palavras. Será instinto? O que quero dizer é que não basta a coragem de ser, preciso mais. Serão a mesma pessoa? Ela(s).

Hoje acredito que tudo tem um motivo pra ser. Porém não desacredito no acaso. Quero encontrá-la(s). De quem eu estou falando? Pareço confuso. Sou. Das palavras que escolhi; não paro de formatá-las, modificá-las, entrosá-las, tentando criar um caos organizado que só eu entenda. Uma espécie de código que apenas eu possa decifrar. As revelações que faço aqui são só minhas. Minhas até o momento que não forem mais simples palavras. Em que se transformarão?

Gosto de pensar que tudo se resolverá sozinho. Ah! Quem liga para o que sinto? Sinto dizer, mas nem eu ligo. Desses sentimentos que sufocam, dessas agonias já tão presentes, que se se ausentam, sentimos uma falta danada. Quem deveria? Quem deveria se importar? Haja o que houver, eu continuarei por aqui. Se a tristeza, essas melancolias disfarçadas de introspecção, misturam-se com as felicidades puras, simples e plenas, já não há muito o que fazer. Das palavras que escolhi. Nem todas bonitas, a maioria são redundâncias propositais que definem o que sentimos, pensamos, desejamos, que exprimimos através das palavras perdidas entre espaços em branco. Foco no instável. Quem não estaria assim?

Nada faz muito sentido quando estou sozinho. Ou só fazem algum sentido justamente quando estou sozinho. Esse desprezo das boas companhias; quase gosto de mim. A solidão me ensinou a solitude. E foi assim que comecei a gostá-la. Ela, ela, elas, elas, ela, elas, eu, o ódio, o amor também. É tudo junto? Adjetivos brincando de substantivos, mas não os são, não nessa forma patética. A indiferença sempre atrai; daí traí, contraí, me atraí. O calor também. Quem se revelará por último?

A vítima fui eu. Eu até tentei evitar, mas afinal, quem poderia evitá-la? Quem poderia? Só não poderia, como não queria. Gosto do fim das coisas bonitas que me atraem. Gosto de frases curtas. As mais curtas que não sabem bem quem sou. Que não definem. Ah! Eu gosto das redundâncias sem sentido algum. Tudo pra me distrair.