Sem querer, ultrapassei a fronteira dos dentes dela e engoli sua língua ágil. A língua vive dentro de mim, como um peixe japonês. Roça no meu coração e no meu diafragma como se eles fossem as paredes de um aquário. Levanta sedimentos do fundo.
A mulher que privei de voz fixa os olhos gandes em mim e aguarda uma palavra.
Porém não sei que língua usar ao dirigir-me a ela - se a que roubei ou a que derrete em minha boca por excesso de bondade pesada.
Zbigniew Herbert
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Língua
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